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Suzano e Klabin veem déficit de madeira no Brasil e no mundo

ago, 24, 2023 Postado porGabriel Malheiros

Semana202335

Duas das maiores produtoras de papel e celulose do mundo, Suzano e Klabin veem escassez de madeira para novas fábricas de celulose no Brasil, no curto prazo, e déficit no mundo que coloca a indústria sul-americana em posição de ser a principal supridora de fibra globalmente na próxima década.

“Não há disponibilidade de fibra no curto prazo no Brasil e nos países limítrofes. Existe a perspectiva de terras disponíveis para que novos projetos aconteçam, mas não no curto prazo”, disse o presidente da Suzano, Walter Schalka, na 24ª Conferência Anual Santander.

Além disso, disse o executivo, a disputa por fibra levou ao encarecimento da madeira nos últimos anos e as terras ficaram mais caras, o que vai se refletir em retornos menores para projetos futuros. A madeira representa 45% do custo caixa de produção da celulose.

Para o diretor-geral da Klabin, Cristiano Teixeira, há déficit de madeira no mundo, mas não de terras, e os produtores da América do Sul, que têm custo caixa de produção menor do que o restante do mundo, estão em posição de vantagem. “A América do Sul vai ser o grande supridor de fibra, via celulose e papel, do mundo nos próximos 10 ou 20 anos”, afirmou.

Usando eucalipto e pinus como fonte de fibra para seus produtos, Teixeira indicou que a Klabin poderia, no futuro, rapidamente converter parte do plantio de pinus para eucalipto se a celulose de fibra curta avançar sobre aplicações que hoje levam fibra longa.

A companhia já desenvolveu o primeiro papel kraftliner (Eukaliner) do mundo que leva 100% de fibra de eucalipto. “Vamos ver mais fibra longa fechando capacidade e saindo do mercado do que a fibra curta porque ela está no Hemisfério Norte. Parte dessa capacidade vai ser substituída por eucalipto e parte por pinus”, acrescentou.

Conforme Teixeira, o negócio de celulose fluff, obtida a partir da fibra longa e usada em absorventes e fraldas descartáveis, é “muito estratégico” para a Klabin e certamente foco de investimentos no futuro. “Estamos na mesma região que outros produtores [de celulose], mas Santa Catarina e Paraná favorecem o cultivo de pinus e isso nos traz a produtos de fibra longa que têm nichos”, afirmou.

Em 2023, a entrada em operação do projeto Mapa da Arauco, no Chile, e da fábrica da UPM no Uruguai levaram a aumento da oferta de fibra curta, que contribuiu para a forte correção dos preços. Com o Projeto Cerrado da Suzano, em 2024, haverá pressão sobre as cotações. Mas a tendência é que o cenário seja “mais benigno” a partir daí, já que não haverá novas plantas, ao mesmo tempo em que fábricas de alto custo devem fechar e a demanda crescer de forma orgânica.

“Não haverá novas fábricas [além das já anunciadas] no curto prazo. Nenhuma nova fábrica iniciará construção até o fim do ano e esses projetos são construídos em 30 meses”, comentou Schalka.

Conforme o executivo, a demanda de fibra curta vai bem na China e nos Estados Unidos, mas não vai bem na Europa, onde a combinação de desestocagem ao longo da cadeia e economia mais fraca se refletiram em compras menores. Esse cenário, além de os preços no mercado europeu estarem abaixo dos praticados na China, levaram ao mais recente anúncio de aumento, de US$ 20 a US$ 50 por tonelada, a depender da região, válido para o próximo mês.

No negócio de embalagens de papelão ondulado, Teixeira, da Klabin, diz que a elevada exposição ao segmento alimentício confere resiliência mas, com o impacto da inflação na renda, houve deterioração do consumo, rumo a produtos de menor valor agregado. “Não sentimos impacto nos volumes [propriamente]”, explicou.

Neste momento, com o fim do ciclo de alta dos juros no país e a chegada do período sazonalmente mais forte para as expedições, houve melhora significativa do consumo, disse Teixeira. “Agora virá o teste. Para 2023, estamos cuidando dos custos fixos e olhando mercados específicos para fechar o ano com estoques baixos. Já 2024 preocupa bastante, por causa da politica fiscal e da inflação.”

Fonte: Valor Econômico

Para ler a matéria original, acesse: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/08/24/suzano-e-klabin-veem-deficit-de-madeira-no-brasil-e-no-mundo.ghtml

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