Grãos

Segundo estudo, um quinto da soja brasileira importada pela UE pode ter ligação com desmatamento

jul, 17, 2020 Postado porSylvia Schandert

Semana202029

Um estudo publicado pela revista Science no último dia 16 de julho indicou que um quinto das importações de soja brasileira realizadas pela União Europeia pode ser proveniente de terras desmatadas de forma ilegal.

Segundo o coautor do estudo, Raoni Rajão, especialista em meio ambiente da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a pesquisa também abre caminho para que tanto empresas internacionais quanto autoridades brasileiras identifiquem as áreas agrícolas que violam regras de desmatamento na Amazônia.

“O Brasil tem os meios para desenvolver um grande sistema de monitoramento liderado pelo governo, capaz de livrar as cadeias de oferta do desmatamento”, disse Rajão. “Antes os meios técnicos não estavam disponíveis, mas agora desenvolvemos esses meios.”

No trabalho, Rajão e outros pesquisadores analisaram o desmatamento na Amazônia e no Cerrado a partir de 2008, quando entrou em vigor a atual lei florestal, antes da qual agricultores que respeitavam determinadas condições recebiam anistia pelo corte prévio de árvores.

A equipe também descobriu que 17% das exportações de carne bovina do Brasil para a Europa estão relacionadas ao desmatamento.

No entanto, há apenas algumas poucas “maçãs podres” nas cadeias de oferta de carnes e soja, com apenas 2% das fazendas causando 62% do desmatamento ilegal na área analisada.

O estudo não especificou as empresas ou fazendas implicadas nas atividades de desmatamento.

O trabalho considerou apenas as exportações brasileiras para a União Europeia. Confira a seguir as exportações brasileiras de soja para a União Europeia mês a mês a partir de 2017:

Rajão disse que os pesquisadores focaram na UE em parte por causa de um recente acordo comercial do bloco europeu com o Mercosul —que, se ratificado, ampliaria o comércio agrícolas nas duas vias.

Vale destacar que o desmatamento na Amazônia atingiu uma máxima de 11 anos em 2019, com a destruição de uma área do tamanho do Líbano, segundo dados do governo. Nos seis primeiros meses de 2020, houve um avanço de mais 25% em relação ao ano anterior, segundo informações preliminares.

 

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