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Projeto bilionário faz ureia da Nigéria ganhar força no Brasil

ago, 17, 2022 Postado porSylvia Schandert

Semana202233

A guerra no Leste Europeu, os altos custos do gás natural para produzir adubo nitrogenado na Europa e os investimentos de US$ 2,5 bilhões do bilionário africano Aliko Dangote, CEO do grupo Dangote, para levantar “do zero” um complexo de adubos na Nigéria mudaram o retrato da lista dos fornecedores de ureia para o Brasil entre janeiro e julho deste ano. O insumo é o adubo nitrogenado mais usado nas lavouras brasileiras, sobretudo nas de milho.

Os brasileiros importaram 3,8 milhões de toneladas de ureia nos sete primeiros meses de 2022, principalmente de Omã (22%), Nigéria (19%) e Catar (18%), segundo relatório elaborado pela Consultoria Agro do Itaú BBA a partir de dados do governo federal.

Destaque entre as movimentações, a Nigéria escalou a lista e, em menos de um ano, passou de quinto maior fornecedor, com fatia de 7% em 2021, à vice-liderança atual. No mesmo intervalo, a Rússia, em guerra com a Ucrânia, caiu do segundo para o quarto lugar.

As compras de ureia nigeriana cresceram 174% em 2022, chegando a 736 mil toneladas, quase o mesmo volume que o Brasil importou do país africano em todo o ano passado. “Dois fatores são importantes [e explicam o movimento]: houve um momento de mercado mais estressado em nitrogenados em 2021, com certa redução de produção de ureia na Europa, porque os preços do gás natural [matéria-prima do adubo] foram para as alturas; enquanto isso, havia um volume grande e não comprometido, de novas plantas, chegando ao mercado. Além disso, a logística [a partir da Nigéria] é boa. Exportar para o Brasil ‘é um tiro’”, diz Marcelo Mello, diretor de fertilizantes da consultoria StoneX.

Complexo de nitrogenados

De olho não apenas na demanda da África Subsaariana, mas no potencial de vendas para outras regiões, entre elas o Brasil, o grupo Dangote inaugurou o complexo de nitrogenados em Lagos, na Nigéria, em duas etapas – em março do ano passado e no primeiro semestre de 2022. O complexo adiciona quase 3 milhões de toneladas à capacidade nigeriana de produção de ureia, que, com o aumento, passará a ser de 5,8 milhões de toneladas ao ano, diz Luigi Bezzon, analista de fertilizantes e óleos vegetais da StoneX.

Segundo a empresa africana, a Nigéria consome 1,5 milhão de toneladas de adubos por ano. Durante a inauguração da estrutura mais recente, Aliko Dangote – 130º colocado na lista dos mais ricos do mundo da Forbes, com fortuna avaliada em US$ 13,2 bilhões – disse que as exportações da unidade iriam para o Brasil (destacando na ocasião que os brasileiros dependem bastante da Rússia), Estados Unidos, Índia e México, informou a Reuters à época.

Veja abaixo o histórico do volume de ureia importado pelo Brasil de alguns dos principais fornecedores deste produto no período de janeiro de 2019 a junho de 2022. Os dados são do DataLiner.

Importações de uréia para o Brasil | Janeiro 2019 – Junho 2022 | WTMT

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

A companhia africana desembarcou no segmento em um momento de alta de preços dos adubos, comercializados por valores bem mais altos que os de dois anos atrás. Mello lembra que o grupo asiático Indorama também produz nitrogenados na Nigéria e ampliou a sua capacidade.

Ainda que alguns fornecedores tenham conquistado mais espaço, o volume total das importações brasileiras de ureia de janeiro a julho (3,8 milhões de toneladas) foi 7,3% menor que o do mesmo período de 2021. Segundo Annelise Sakamoto, analista da Consultoria Agro do Itaú BBA, a razão da queda é “mais preço e nem tanto a disponibilidade”. Com o aumento das cotações, os produtores têm aplicado menos adubos e aproveitado os bancos de nutrientes que o solo armazena.

Fonte: Valor Econômico

Para ler o texto original completo acesse: https://valor.globo.com/agronegocios/noticia/2022/08/17/projeto-bilionario-faz-ureia-da-nigeria-ganhar-forca-no-brasil.ghtml

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