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Porto fechado na Turquia preocupa exportadores de algodão

fev, 13, 2023 Postado porSylvia Schandert

Semana202308

Os efeitos do terremoto que atingiu a Turquia e a Síria no início da semana preocupam exportadores brasileiros de produtos agropecuários, em especial de algodão. O porto turco de Iskenderun, atingido por um incêndio após o sismo, permanece fechado. O país é o quinto principal destino das exportações de algodão do Brasil. Foram enviadas para aquele mercado 221 mil toneladas da pluma em 2022, 13% dos embarques totais do ano.

A Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) não tem uma estimativa de quantos navios com contêineres da pluma estão em rota para a Turquia. O porto de Iskenderun, no sul do país, é a principal porta de entrada do algodão brasileiro em território turco e pode levar até seis meses para ter suas operações voltarem normalizadas.

“A região afetada pelo terremoto concentra um grande número de empresas do setor têxtil da Turquia e sofreram muitos danos materiais, além das perdas de vida”, disse Miguel Faus, presidente da Anea.

“Recebemos estimativas iniciais de que levará seis meses para voltar a operar normalmente. As cargas estão sendo desviadas para o porto de Mersin [também na Turquia], que já estava bem congestionado. Com isso, novas exportações de algodão já estão sendo impactadas por essa tragédia”, completou.

Traders brasileiros e turcos trocam informações preliminares sobre os impactos. Há uma preocupação especial com a cidade de Karamamaras, um dos principais centros de consumo de algodão do país, e que foi um dos epicentros do terremoto que atingiu o país.

Não há previsão sobre a reconstrução do local nem da retomada da normalidade nos negócios. É lá que está a sede da Kipas Mensucat Isletmeleri AS, maior indústria têxtil turca.

A Direção-Geral de Assuntos Marítimos da Turquia informou, no Twitter, ainda na quarta-feira, que o incêndio foi controlado no Porto de Iskenderun, mas que os serviços estão indisponíveis. “Os navios em espera devem se dirigir a outras instalações. Não há obstáculos para operações em outras instalações portuárias no Golfo”, disse na publicação. Na quinta-feira, a autoridade disse que mais de mil contêineres estão separados no local e que a “reabilitação do porto começará imediatamente”.

Confira no gráfico abaixo um histórico das exportações brasileiras de algodão para a Turquia a partir de 2019. Os dados são do DataLiner:

Exportações Brasileiras de Algodão para a Turquia | Jan 2019 a Dez 2022 | WTMT

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)

A A.P. Moller Maersk, uma das maiores companhias de transporte marítimo do mundo, informou na quarta-feira que não poderá entregar as cargas que estão em águas no momento com destino ao Porto de Iskenderun, mas que manterá os contêineres em portos e hubs próximos pelas próximas três semanas, sem custos extras.

A empresa ofereceu também acordos para mudança de destino de cargas para outros portos da Turquia, com taxas de reacondicionamento, operacionais e administrativas. Para desviar cargas para portos fora da Turquia, a Maersk vai dispensar essas cobranças, mas os clientes serão responsáveis pelos “custos de reestivagem e deslocamento extra, além da diferença de frete marítimo do novo destino”.

Frederico Favacho, do Santos Neto Advogados, disse que a movimentação da empresa é positiva. A cobrança de taxas extras para mudança de portos, por exemplo, poderia ser discutida diante da cláusula de força maior que rege esse tipo de contrato. “Entendo que a Maersk está se antecipando a possíveis discussões e aproveitando para fazer uma boa estratégia de fidelização de seus clientes”, disse ao Valor.

Especialista em agronegócios e logística, Favacho atende as principais associações de exportadores do setor. Segundo ele, existe um desafio duplo aos traders nessa situação, já que os portos para onde os navios podem ser desviados estão sobrecarregados por conta da guerra na Ucrânia.

Ele ressalta a importância de analisar o contrato, conversar com os contratantes e entender a situação específica de cada carga para saber qual a melhor alternativa. “É preciso ver o que vale mais a pena. Para alguns pode ser o caso de rescindir o contrato, pagar a multa e vender o produto para outro local”, apontou. “É uma questão de colocar os custos na planilha”, explicou.

O Brasil também exporta soja, açúcar e celulose para a região. Ao menos três navios estão em curso neste momento – o trajeto dura em torno de 20 dias. Duas embarcações carregam soja em grão. Elas zarparam de Santarém e Itacoatiara, no Pará. Já de Rio Grande (RS), saiu um carregamento farelo de soja com destino à Turquia, segundo informações da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).

Fonte: Valor Econômico

Para ler a reportagem original, acesse: https://valor.globo.com/agronegocios/noticia/2023/02/12/porto-fechado-na-turquia-preocupa-exportadores-de-algodao.ghtml

 

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