Grãos

Paraguai está a caminho de uma safra recorde de soja, mas os baixos níveis dos rios estão atrasando as exportações

abr, 18, 2024 Postado porSylvia Schandert

Semana202417

O Paraguai está a caminho de uma safra recorde de soja, mas os exportadores estão preocupados com os baixos níveis dos rios que estão retardando os embarques ao longo da importante via fluvial Paraguai-Paraná, com uma seca no centro-oeste do Brasil afetando os níveis de água corrente rio abaixo.

Fontes da indústria e uma análise dos dados de nível dos rios mostraram que o Rio Paraguai, o principal canal usado para as exportações de grãos do país sem litoral, está muito mais raso do que no mesmo período do ano passado, afetando as barcaças que transportam grãos.

O Paraguai é o terceiro maior exportador mundial de soja e está finalizando sua colheita da oleaginosa, com uma previsão de produção recorde de 10,4 milhões de toneladas. Seus principais exportadores de soja incluem Cargill, Viterra e Bunge.

“Rios rasos significam que as barcaças não podem carregar tanto, e isso retarda todo o processo”, disse Sonia Tomassone, assessora de comércio exterior da Câmara Paraguaia de Exportadores de Oleaginosas e Cereais (CAPECO).

Tomassone disse que o panorama geral é em grande parte positivo, dada a forte produção. Os agricultores ainda estão se recuperando de uma colheita devastada pela seca na temporada 2021/22 que reduziu a produção em mais da metade. “É um bom volume apesar dos atrasos”, disse ela.

O nível do Rio Paraguai perto do importante porto de grãos de Villeta é de 0,74 metros, mostram dados do governo, muito abaixo dos mais de 5 metros na mesma data do ano passado. Chuvas recentes aumentaram os níveis que estavam próximos de zero, mas eles permanecem críticos.

Previsão é de que seca continue

As exportações de soja do Paraguai totalizaram 2,5 milhões de toneladas nos primeiros três meses do ano, acima das 1,6 milhão de toneladas do ano passado.

Mas enquanto as exportações de soja foram fortes em janeiro e fevereiro, elas desaceleraram em março à medida que os níveis de água caíram, ligados ao clima seco rio acima na região do Pantanal, no Brasil, de acordo com a CAPECO. Isso apesar do trabalho de dragagem realizado nos rios Paraguai e Paraná, disse Tomassone.

As vias navegáveis que movem as barcaças para os portos marítimos  na Argentina e Uruguai são essenciais para o Paraguai. Aproximadamente 80% de todas as exportações de grãos no primeiro trimestre de 2024 viajaram ao longo dos rios, de acordo com a câmara de esmagamento de grãos do Paraguai, CAPPRO.

Greves de funcionários do ministério da agricultura no Brasil por causa de salários também prejudicaram ainda mais as exportações por estrada, acrescentou Tomassone. O Brasil é um grande mercado de exportação para a soja paraguaia que é transportada de caminhão através da fronteira.

“A saída de caminhões está muito lenta”, disse Tomassone. “A menos que as previsões meteorológicas melhorem, os próximos meses não são muito encorajadores (para os exportadores).”

Meteorologistas alertaram que, apesar de algumas chuvas recentes, as condições secas no Pantanal brasileiro podem continuar afetando as fontes dos rios regionais.

“A situação vai melhorar na foz do Rio Paraguai, mas (as chuvas) não estão durando”, disse Eduardo Mingo, diretor de meteorologia e hidrologia do Centro Nacional de Meteorologia do Paraguai. “A situação crítica persiste… a área do Pantanal está em seca há mais de seis meses.”

Fonte: Reuters

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