OMC: Restrições à exportação de alimentos diminuem

jun, 05, 2023 Postado porGabriel Malheiros

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Após a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro do ano passado, nada menos de 100 restrições de exportações de alimentos e fertilizantes foram adotadas por diferentes países. A guerra continua, mas as medidas de restrição caíram para 63. Ao mesmo tempo, países adotaram 80 medidas que facilitam esse comércio.

Para os países menos desenvolvidos, em todo o caso, a fatura continua pesada com o salto nos preços de alimentos e de energia. ‘Isso é algo que eles não causaram, mas são eles que estão sofrendo mais com a falta de acesso a alimentos, com a falta de acesso a fertilizantes e com os altos preços resultantes dos movimentos da taxa de câmbio e da depreciação das moedas,” afirmou a diretora-geral da Organização Mundial do Comércio, Ngozi Okonjo-Oweala, em debate virtual promovido pela entidade.

O debate focou na ‘Iniciativa de Grãos do Mar Negro’, que permitiu a retomada da exportação de alimentos e fertilizantes (incluindo amônia) de três importantes portos ucranianos no Mar Negro. Também dá acesso de produtos alimentares e adubos russos aos mercados mundiais.

Segundo Abdullah Abdul Samad Dashti, coordenador da ONU para essa iniciativa, 30,5 milhões de toneladas de grãos já foram exportadas para 45 países, com prioridade para nações como Afeganistão, Etiópia, Quênia, Somália e Iêmen.

Alzbeta Klein, CEO e Diretora Geral da Associação Internacional de Fertilizantes (IFA), constatou que as exportações de fertilizantes melhoraram. Mas que o acesso a nitrogênio e fosfatos gera uma preocupação mais geral, especialmente na África Subsaariana, principalmente por causa da desvalorização das moedas locais.

Por seu lado, Arnaud Petit, diretor executivo do International Grains Council, examinou as tendências de várias commodities. No caso do arroz, os estoques na Asia estão caindo, mas ainda são bastante elevados para abastecer os mercados, principalmente na Africa. Os preços estão subindo, mas não há riscos nesse segmento.

No caso da soja, há uma safra abundante no Brasil. Também se espera uma boa colheita nos EUA. Ou seja, não é um mercado com problemas.

Quanto ao milho, a expectativa é de alta de 6% na produção. Há uma persistente demanda, com o consumo de carne na Asia e mais busca de ração, além do potencial acumulo de estoques especialmente nos Estados Unidos.

Mas a situação geral dos grãos deve ser revista mais tarde, conforme Petit, justamente por causa da guerra na Ucrânia. A região do Mar Negro representa mais de 70 milhões de toneladas de grãos todos os anos. ‘Não temos outra área em outro lugar do mundo que produza 70 milhões de toneladas”, observou ele. “É uma questão muito importante em termos de equilíbrio dos mercados globais de grãos.”

Para a diretora da OM, a crise provocada pela invasão russa na Ucrania colocou um foco totalmente novo para a questão de segurança alimentar. Ela diz defender o comércio aberto, e não restrições, para os países poderem gerenciar melhor a volatilidade dos preços dos alimentos e da energia. Ao mesmo tempo, sugere avançar nas negociações agrícolas ‘sob uma nova perspectiva’ para impulsionar o suprimento global de alimentos.

Se depender de países como a India, Indonésia e vários outros, isso significará autorização para mais subsídios e para barrar importações mais facilmente.

Fonte: Valor Econômico

Para ler a matéria original, acesse: https://valor.globo.com/opiniao/assis-moreira/coluna/restricoes-a-exportacao-de-alimentos-diminuem-mas-a-fatura-continua-alta.ghtml

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