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O fim da ‘sojización’: a nova trajetória da Argentina como importadora de soja

maio, 10, 2023 Postado porGabriel Malheiros

Semana202322

À medida que a colheita da soja avança lentamente na Argentina, os efeitos da seca na produção estão se tornando cada vez mais evidentes. Isso impacta diretamente a indústria da soja, o setor mais rentável do país. Em 2015, a Argentina produzia 60 milhões de toneladas de soja, e o conceito de “sojización”, termo usado para descrever a expansão do cultivo de soja em todo o país, era amplamente discutido. Desde então, a colheita diminuiu constantemente para 43 milhões de toneladas no ciclo de 2021-22 e, hoje, são esperadas apenas 20 milhões de toneladas este ano, principalmente devido a eventos climáticos.

Essa falta de produção levou a indústria a importar soja do Paraguai e do Brasil. A Argentina importou 2,7 milhões de toneladas da oleaginosa entre janeiro e março deste ano, ante 890 mil toneladas no mesmo período de 2022.

A maior parte da soja importada pela Argentina no primeiro trimestre de 2023 veio do Paraguai, com 2 milhões de toneladas (74%) do total. O Paraguai tem sido historicamente o maior fornecedor de soja da Argentina, fornecendo mais de 92% das importações de soja ao vizinho entre 2018 a 2021. No entanto, uma forte seca no Paraguai no ano passado reduziu as remessas para a Argentina e o país teve que buscar outras fontes como o Uruguai, Bolívia e Brasil.

Este ano, com a produção de soja paraguaia voltando para cerca de 9,5 milhões de toneladas, o pequeno país falante de guarani deverá recuperar sua fatia no mercado argentino de soja beneficiada. O Brasil também se tornou um importante fornecedor de soja para a Argentina neste ano, com uma safra recorde de 150 milhões de toneladas e preços FOB em queda. Ao contrário do Paraguai, que exporta soja para a Argentina por meio de barcaças que navegam pelo rio Paraná, as exportações do Brasil chegam por meio de navios oceânicos.

Neste contexto, a Argentina deve importar 10 milhões de toneladas de soja este ano, em comparação com os habituais 3-4 milhões de toneladas. Esse aumento sem precedentes das importações se deve à falta de produção interna causada pela estiagem. A indústria da soja projeta que o volume estimado de soja processada neste ano será o menor em 18 anos, com um volume anual de processamento de 27 milhões de toneladas previsto para 2023, representando uma queda de 30% em relação a 2022.

A associação de óleo vegetal CIARA previu que esse declínio na produção levará a uma diminuição nas receitas cambiais de US$ 18.777 milhões este ano, uma vez que os saldos de manufatura e exportação são reduzidos.

Entre janeiro e abril de 2023, o complexo soja faturou US$ 5.237 milhões em divisas, US$ 5.861 milhões a menos do que no mesmo período de 2022. Com isso, o fechamento de fábricas está previsto para o segundo semestre devido à capacidade ociosa de plantas, que chega a 65%.

Fonte: Clarín

Para ler a reportagem original em espanhol, acesse: https://www.clarin.com/rural/sojizacion-importar-soja-record-ingreso-poroto-paraguay-brasil_0_HzbhOsb3WN.html

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