Peixe

Multiplicação dos peixes? Brasil exporta o dobro do que pesca de pargo

nov, 21, 2023 Postado porSylvia Schandert

Semana202343

No ano passado, a pesca do pargo (Lutjanus purpureus) no Brasil somou 2,3 mil toneladas, segundo dados dos mapas de bordo do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). No entanto, foram exportadas 4,65 mil toneladas do peixe congelado, de acordo com as Estatísticas de Comércio Exterior do Agronegócio Brasileiro (Agrostat) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Ou seja, o país vendeu ao exterior praticamente o dobro do que foi pescado.

Como explicar a diferença de mais de 2 mil toneladas nessas estatísticas do pescado magro de sabor suave que representa a segunda receita das exportações do setor, com US$ 40,9 milhões (cerca de R$ 198,3 milhões) em 2022, atrás apenas da lagosta?

Há um descompasso entre o volume capturado e o que é exportado devido à falta de estrutura do governo. Nos últimos 4 a 5 anos, a média de exportações do pargo ficou entre 4 mil e 5 mil toneladas, mas os mapas de bordo não registram isso. Minha empresa embarcou 2.700 toneladas em 2022, eu tinha os mapas de bordo comprovando a pesca, mas 800 toneladas do que eu declarei não foram lançadas pelo governo”, diz Gilvan de Paula Silva, dono da G Pesca, de Bragança (PA), uma das maiores empresas de captura e processamento de peixes e crustáceos que tem o pargo como um dos carros-chefe.

O empresário, que também é presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Pargo (Abrappa), diz que trabalha com a importadora Netuno, dos Estados Unidos, e manda toda a rastreabilidade da pesca, mas alega falta de profissionalismo do governo brasileiro.

Falta de dados confiáveis

André Macedo Brugger, gerente de sustentabilidade e compliance da Netuno, que importa do Brasil de 2.000 a 2.500 toneladas de pargo por ano, diz que, infelizmente, o Brasil não controla a estatística pesqueira, nem o volume que fica no mercado interno. O único dado confiável é o das exportações.

Brugger, formado em oceanografia, conta que nos EUA, os desembarques do pescado são controlados pela NOOA (National Oceanic and Atmospheric Administration ou Administração Oceânica e Atmosférica Nacional), agência que faz parte do Departamento de Comércio americano, e pela FDA (Food and Drug Administration), agência do Departamento de Saúde e Serviços.

“Tudo que entra aqui é rastreado. Os mapas de bordo são documentos internos do Brasil, mas o exportador tem que apresentar documentos comprovando onde foi a pesca, nome da embarcação, licença, RGP (Registro Geral de Pesca), dia da captura, certificado sanitário do Mapa etc. Pode falsificar os documentos? Sim, pode, mas se a importadora for auditada e não tiver como comprovar a legalidade de todos os documentos é punida com rigor.”

As auditorias são feitas por amostragem. A Netuno, empresa de origem brasileira que atua nos Estados Unidos há 25 anos, passa, geralmente, por duas auditorias anuais. Ela vende o pescado para restaurantes, hotéis e cruzeiros.

Fonte: Globo Rural

Clique aqui para ler o texto original: https://globorural.globo.com/pecuaria/peixe/noticia/2023/11/multiplicacao-dos-peixes-brasil-exporta-o-dobro-do-que-pesca-de-pargo.ghtml

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