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Importações da China reduzem produção da indústria química

fev, 19, 2024 Postado porSylvia Schandert

Semana202408

O aumento das importações, em especial, da China, está dificultando a manutenção das atividades da indústria química nacional, cuja utilização da capacidade produtiva está na casa dos 65%. “É um patamar muito baixo. Para ser viável economicamente, tem que operar com, no mínimo, 75%, 77%”, observa o presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), André Passos Cordeiro.

Ele acrescenta que não é possível por períodos de seis meses a um ano sustentar níveis de utilização da capacidade baixos, o que faz com que as plantas tenham que ser paralisadas. “Até meados de 2022, nós estávamos utilizando por volta de 75% da capacidade produtiva instalada no nosso País”, diz.

De acordo com o dirigente, foi entre julho e agosto de 2022 que o setor começou a sofrer as consequências de um “crescimento exagerado das importações”, situação que foi se agravando com o tempo. Em 2023, o valor de importações de produtos químicos no Brasil chegou a US$ 61,2 bilhões, enquanto as exportações somaram US$ 14,6 bilhões. Conforme a entidade, o crescimento das importações chegou a 30,9%, com uma queda média de 28,6% dos preços nessas operações em 2023.

O gráfico abaixo apresenta dados sobre as importações brasileiras de produtos químicos da China (códigos sh 28 e 29) entre janeiro de 2022 e dezembro de 2023. Os dados são do DataLiner.

Importações de Produtos Químicos | Jan 2022 – Dez 2023 | TEU

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

Defesa comercial

E a solução para mudar a realidade do setor está nas mãos do governo federal. Além da Abiquim, a Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor) cobra do governo o estabelecimento de medidas tarifárias emergenciais que impeçam o surto de estoques e excedentes internacionais no mercado doméstico a preços distorcidos.

“É preciso que o governo enfrente a situação com medidas de defesa comercial”, frisa o presidente da Abiquim. Como medida emergencial, a indústria propôs a inclusão de 77 produtos químicos que sofrem aumento anômalo de importações em uma lista que eleva as alíquotas de impostos aos itens que entram no Brasil.

O dirigente conta que no último dia 23, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o decreto que internacionaliza um protocolo adicional ao Acordo de Complementação Econômica do Mercosul, ato que autoriza os países membros a elevar de forma transitória as alíquotas para as entradas de produtos de nações que não compõem o bloco.

Dessa forma, o decreto brasileiro autoriza o país a ter uma Lista de Elevações Transitórias à Tarifa Externa Comum (TEC) para 100 códigos da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). Com a publicação da medida, o presidente da Abiquim disse acreditar que o Brasil dá um passo importante para equalizar e reverter o quadro conjuntural e para a retomada do desenvolvimento econômico sustentável do setor.

Ele acrescenta que o desnível na balança comercial traz fortes consequências não só para as indústrias do setor, bem como tem impactos na arrecadação para o Brasil. De acordo com dados da associação, entre janeiro e outubro de 2023, o recolhimento da Receita Federal para o setor recuou 23% em comparação com o mesmo período do ano anterior, o que corresponde a R$ 7 bilhões a menos em tributos federais.

Importações de produtos químicos da China impactam o meio ambiente

Além dos impactos financeiros, o aumento das importações de produtos químicos provenientes, especialmente da China, tem reflexos negativos no meio ambiente, alerta o presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), André Passos Cordeiro. “A indústria química brasileira é a mais sustentável do mundo e líder em produtos renováveis”, frisa.

De acordo com a entidade, a produção nacional é menos carbono intensiva quando comparada com a produção na Europa (entre 5% e 35% menos) e o restante do mundo (entre 15% e 51% menos). Isto se deve ao fato de a matriz elétrica brasileira ser composta por 82,9% de fontes renováveis, enquanto que no mundo, a média é de 28,6%.

Fora a concorrência asiática, o presidente ressalta que há outras dificuldades, como o custo de produção, que é alto no País, reduzindo a competitividade dos produtos. Ele explica que fabricantes de fertilizantes, por exemplo, convivem com alto preço do gás natural, que chega a responder por 85% dos custos de produção. “O gás natural é quatro vezes mais caro no Brasil”, destaca.

Com concorrência dos importados e custos altos, o presidente da associação diz que a atividade teve queda no faturamento no ano passado e as perspectivas para 2024 continuam “não sendo boas”. O dirigente destaca que o Brasil possui a sexta maior indústria química do mundo, que gera dois milhões de postos de trabalho, entre diretos e indiretos. A atividade representa 11% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial.

Fonte: Diário do Comércio

Clique aqui psrs ler o texto original: https://diariodocomercio.com.br/economia/importacoes-china-reduzem-producao-industria-quimica/#gref

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