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Impacto global da estratégia de segurança alimentar da China

out, 20, 2022 Postado porGabriel Malheiros

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As empresas estatais e privadas chinesas estão trabalhando para encontrar pontos de apoio ao longo da cadeia de abastecimento de alimentos no exterior, para garantir a segurança alimentar do país. “A maneira como a China obtém seus alimentos é uma preocupação mundial”, acusou um relatório da publicação japonesa Nikkei Asia.

“A política de segurança alimentar da China tem a ver com […] compras vorazes de insumos e alimentos através dos mercados mundiais”, disse à Diálogo Ignacio Bartesaghi, diretor do Instituto de Negócios Internacionais da Universidade Católica do Uruguai, em 23 de setembro. “A China não tem a capacidade para produzir os alimentos que consome.”

Há mais de uma década Pequim está em uma onda global de compras, adquirindo terras, elevadores de grãos e fábricas de processamento de alimentos em todo o mundo, à medida que seu consumo supera sua produção agrícola, limitada pela rápida urbanização, observou Nikkei Asia.

Sua população é tão grande (1,4 bilhões) que precisa importar quase um quarto dos alimentos que consome, de modo que as fusões e aquisições no exterior se aceleraram, porque a China precisa garantir uma quantidade suficiente de alimentos para o futuro, afirmou.

“A China acumula mais da metade do estoque mundial de cereais e faz subir os preços”, informa online o site uruguaio de agronegócios Blasina y Asociados. “Sua produção de trigo e outros insumos, assim como a quantidade de terra utilizada para a agricultura, estagnou em 2015.”

O consumo de cereais da China aumentou de 125 milhões de toneladas métricas em 1975 para 420 milhões de toneladas em 2018. Com relação aos produtos carnívoros, em 1975, a China consumia 7 milhões de toneladas de carne. Esse número cresceu para 86,5 milhões de toneladas em 2018, tornando-se o maior consumidor mundial de carne, informa o site do Centro de Estudos Estratégicos Internacionais (CSIS), com sede em Washington.

As importações de soja da China subiram de 2,3 bilhões em 2000 para 38 bilhões em 2018. É o maior consumidor mundial de peixe, observou o CSIS. Além disso, a frota pesqueira chinesa está envolvida na pesca ilegal, não declarada e não regulamentada em águas distantes de maneira excessiva, contribuindo para o severo esgotamento dos estoques pesqueiros no mundo, mostra a plataforma digital norte-americana ShareAmerica.

Rota da Seda para alimentos

Desde 2014, de acordo com Nikkei Asia, a gigante estatal chinesa de processamento de alimentos Cofco Group adquiriu várias corporações multinacionais de grãos, e agora possui vários portos, terminais e instalações de armazenamento nas principais áreas produtoras de grãos em todo o mundo para aumentar seus estoques.

Esse envolvimento agrícola é realizado através da consolidação dessas empresas estatais como Cofco e ChemChina na cadeia mundial de produtos básicos. Ao fundir e adquirir empresas agrícolas no exterior, a China está ganhando cada vez mais controle sobre o processo de produção sem controlar completamente a terra, ressaltou.

Essas empresas continuam conquistando um importante ponto de apoio em regiões como a América Latina, onde se tornaram líderes em suas indústrias no Brasil e na Argentina. Os projetos agrícolas como esses foram chamados de Rota da Seda Alimentar, acrescentou, estabelecendo um paralelo com a Iniciativa do Cinturão e Rota e seus projetos de infraestrutura em todo o mundo.

Níveis de incerteza

“Diante deste cenário, vamos estar em níveis de incerteza onde os Estados têm que estar preparados para flutuações muito fortes ou cortes abruptos nas cadeias de abastecimento […], afetando aqueles que têm menos”, disse Bartesaghi. “Os produtores, importadores, exportadores e países serão afetados.”

Até 2023, a China deverá ter 65 por cento das reservas mundiais de milho e 53 por cento do trigo do mundo, declarou Nikkei Asia. Vinte por cento da população mundial consegue armazenar mais da metade do milho e outros grãos do mundo, disse Blasina y Asociados.

Seria também o único país que poderia resistir a uma crise global, informou o diário colombiano La República. A China não é apenas o principal destino para determinados produtos agroalimentares, ela também já é um dos principais atores das cadeias logísticas internacionais de abastecimento neste setor, afirma o centro de investigação espanhol Real Instituto Elcano.

Protecionismo

A China, com seu protecionismo, também está contribuindo para um aumento dos preços pagos pelos consumidores ao redor do mundo, informou Cambio 16: “Esta é uma preocupação que tem a ver com a segurança alimentar […]. Alguns países começaram a proteger sua demanda interna ao bloquear as exportações”, disse Bartesaghi.

“Os Estados devem assegurar que toda a população tenha acesso aos produtos básicos a preços razoáveis”, disse Bartesaghi. “A Organização Mundial do Comércio deve evitar que os países tomem medidas protecionistas […], proporcionando uma maior diversificação do abastecimento de alimentos. A América Latina está sujeita a esses altos e baixos.”

Apesar da rejeição política, a China continuará a investir na agricultura no exterior para satisfazer suas necessidades alimentares, advertiu Nikkei Asia. “Estamos em uma tempestade global onde não há muita clareza”, concluiu Bartesaghi.

Fonte: Dialogo Americas

Para ler o artigo original completo, acesse: https://dialogo-americas.com/pt-br/articles/china-garante-sua-seguranca-alimentar-em-detrimento-de-outros-paises/#.Y1FUj3bMJPY

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