Exportações de açúcar continuam aquecidas

O ano de 2020 tem sido muito aquecido para as exportações brasileiras de açúcar. Dados da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)  apontam que as exportações de açúcar de cana em bruto mais que dobraram em setembro de 2020 em relação  a igual mês de 2019, passando de US$ 420,36 milhões (setembro/2019) para US$ 888,38 milhões, alta de 111,3%.Segundo o órgão, a queda da produção de açúcar na Índia e na Tailândia nesta safra de 2020 permitiu o aumento das exportações brasileiras.

Já o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – USDA – apontou que as exportações brasileiras de açúcar deverão atingir um recorde de 32,02 milhões de toneladas em 2020/21, alta de 66% em relação ao ano anterior.

Para o órgão, esse avanço se deve ao grande excedente exportável de açúcar do país e à demanda estável de países importadores do adoçante brasileiro. Em 2019/20, os embarques foram estimados em 19,28 milhões de toneladas. “Apesar da pandemia de Covid-19 e dos obstáculos logísticos nos portos, incluindo longas esperas para carregamento, a desvalorização significativa do real frente ao dólar manteve o produto brasileiro competitivo”, diz o relatório.

Exportações brasileiras de Açúcar | Jan 2017 a Ago 2020 | WTMT

Fonte: DataLiner (Para solicitar um demo do DataLiner clique aqui)

Portos e destinos

O Porto de Santos segue na liderança nas exportações brasileiras de açúcar em 2020,  com 81,79% do volume de açúcar exportado no ano. Com o aumento das exportações do adoçante, o local não se viu livre de congestionamentos. Dados da agência marítima Cargonave apontam que o tempo médio de espera para o carregamento de navios com açúcar na Rumo, principal terminal de exportação do Porto de Santos, atingiu 45 dias na semana até 14 de junho. 

Para driblar esses problemas logísticos, algumas soluções foram adotadas. Em outubro, por exemplo, a empresa Évolus Logística coordenou uma operação break-bulk para exportação de açúcar via Porto de Santos com o navio MV Lady Cansen, que seguiu rumo à África Ocidental, contabilizando 25 mil toneladas do produto transportado. Vale destacar que um break-bulk de açúcar já não partia mais de Santos há uma década, com a popularização dos contêineres.  A prática é usual no porto do Rio de Janeiro, mas não em Santos.

Outra solução foi a volta do uso do Porto de São Sebastião, localizado no litoral norte de São Paulo, para realizar operações de transporte de açúcar, após um hiato de 15 anos. A retomada ocorreu em maio, com o envio de 15 mil toneladas de açúcar com destino à Gâmbia, na África, por meio de um acordo fechado com a Raízen.

Fonte: DataLiner

Destinos

A China foi o principal destino do açúcar brasileiro de 2020, com 12,7% do total exportado entre janeiro e agosto de 2020. Com isso, em junho, o Brasil voltou a ser o principal fornecedor de açúcar para o país asiático, respondendo por mais de 60% das importações, segundo dados da Administração-Geral de Aduanas da China (GACC, na sigla em inglês).

Até 2016, a China era o maior mercado para o açúcar do Brasil no exterior, com compras que chegavam a 2,5 milhões de toneladas por safra. Em 2017, porém, Pequim impôs sobretaxa à entrada do produto brasileiro para proteger sua produção doméstica, o que freou as vendas.  No ciclo 2017/18, já com a barreira em vigor, o volume caiu para 115 mil toneladas.

Mas, mais tarde, os chineses restringiram também a entrada do açúcar de pequenos países produtores em seu mercado. Com isso, o Brasil, o mais
competitivo do mundo nesse mercado, voltou a ampliar as exportações à China, mas ainda não nos mesmos níveis de antes.

Já este ano, o Brasil abandonou uma denúncia na Organização Mundial do Comércio (OMC) e evitou a abertura de um comitê de investigação contra a China por causa da sobretaxa, depois que Pequim se comprometeu a não estendê-la para além de maio de 2020. Assim, a tarifa fora da cota, que era de 85%, voltou a ser de 50%.

Dessa forma, as importações chinesas de açúcar brasileiro, que tinham somado apenas 145,3 mil toneladas entre janeiro e maio, deram um pulo em junho. O volume exportado no mês foi de 239,4 mil toneladas, crescimento de 477% em relação ao mesmo mês do ano passado. Confira a seguir os principais destinos do açúcar brasileiro em 2020:

Fonte: DataLiner

Tipos de açúcar

Já em relação aos principais tipos de açúcar importado, o destaque é o açúcar bruto, com 65% do total exportado. Confira no gráfico a seguir a participação de cada tipo de açúcar no total exportado pelo Brasil. Vale lembrar que essa segregação por tipo de açúcar é um novo campo de dados do DataLiner, disponível por meio de dashboards:

Projeções

Para a próxima safra (2021/22), a consultoria Datagro estima que a produção de açúcar brasileiro será ligeiramente menor do que na temporada atual, como resultado do clima seco nos últimos anos sobre a produtividade das plantações.

Para a produção nacional, a consultoria prevê uma redução de 4,8% na produção ante a safra atual – ou de 2 milhões de toneladas, para 39,65 milhões de toneladas. Já a safra de cana brasileira é estimada em 630 milhões de toneladas, 3,3% menor do que o projetado para a safra atual.

 

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