Grãos

Exportações brasileiras de feijão começam a ganhar peso

fev, 11, 2021 Postado porSylvia Schandert

Semana202106

O Brasil é o único país do mundo a consumir o feijão carioca. Por isso, durante muitos anos, o país ficou de fora do mercado mundial da leguminosa. Mas o cenário começou a mudar por ação de empresas comerciais exportadoras e tradings, que decidiram que era a hora de participar de um comércio que movimenta cerca de US$ 2 bilhões por ano. Há cerca de cinco anos essas companhias começaram a incentivar agricultores brasileiros a semear variedades mais procuradas por países da Ásia, como feijão azuki, mungo, rajados e caupi.

Como resultado, os embarques nacionais de feijões e pulses (leguminosas secas) já alcançaram 177,4 mil toneladas em 2020, um aumento de 6,8% em relação a 2019 e de 44,6% na comparação com 2015. Já a receita das exportações chegou a US$ 148,3 milhões no ano passado, ante US$ 112,9 milhões  em 2019 e US$ 78,1 milhões cinco anos atrás.

Confira no gráfico abaixo o histórico das exportações brasileiras de feijão a partir de 2017:

Exportações Brasileiras de Feijão (07133) | Jan 2017 a Dez 2020 | TEU

“As empresas exportadoras convidaram um pool de produtores para entrar nesse mercado, mostraram as oportunidades globais e criaram contratos futuros de garantia de preço. Isso tem feito sucesso e crescido muito”, afirma Marcelo Lüders, presidente do Instituto Brasileiro dos Feijão e Pulses (Ibrafe). Lüders, que também é dono da corretora Correpar, há anos defende a diversificação da produção e da venda de feijão para estabilizar os preços no Brasil e garantir a produção.
“Com o ciclo curto, os produtores ficam muito reféns do preço no Brasil. O feijão passa por muito sobe e desce, porque não há um mercado externo para desovar um eventual excesso de produção e/ou para garantir um preço remunerador ao produtor”, afirma ele. O Brasil produz cerca de 3,1 milhões de toneladas de feijão em três safras anuais, e o carioca responde por 70% do total.
A China é a maior produtora e consumidora de feijão no mundo. Índia e Paquistão produzem, mas são deficitários. Emirados Árabes Unidos também. Na ponta exportadora, a Austrália se destaca, em boa medidas por não ser um país consumidor. Mianmar e alguns países africanos também atendem ao mercado consumidor asiático. Na América do Sul, Argentina e Venezuela são os concorrentes do Brasil.
Vale destacar que o feijão carioca é produzido em áreas de irrigação e em época diferente. Os especiais são semeados após a colheita de verão, em concorrência ao milho safrinha, mas têm ciclo muito mais curto — de 110 a 130 dias, ante 120 a 160 dias do milho.
Fonte: Valor Econômico

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