Grãos

Estações de transbordo flutuantes ampliam capacidade de escoar grãos no Arco Norte

jan, 26, 2024 Postado porSylvia Schandert

Semana202404

Em meio ao aumento da exportação de grãos pelos portos do Arco Norte, um novo formato de operação de transbordo tem contribuído para o crescimento da capacidade de movimentação dos terminais amazônicos. São as estações de transbordo flutuantes, mais baratas, versáteis e rápidas de serem construídas do que as estações de transbordo tradicionais, instaladas em terra.

Usada originalmente em operações de guerra, para garantir a transferência de carga entre embarcações sem a necessidade de atracar nos portos, a tecnologia chamou a atenção do presidente da Mega Logística, Eduardo Carvalho, há 24 anos, durante uma viagem aos Estados Unidos.

“Eu vi que lá eles estavam descarregando e carregando um navio de sucata e daí pensamos: se pode fazer com sucata, pode fazer com qualquer coisa”, recorda o executivo. Foram sete anos até a construção do primeiro modelo ainda com uma operação pequena com minério de ferro.

“A partir dali começamos a trabalhar num projeto mais robusto que tivesse capacidade de carregar navios Panamax com qualidade operacional e que resolvesse o problema dos portos, que já estavam afogados”, relata Carvalho.

Com a queda nos preços do minério de ferro a partir de 2014 e o crescimento da infraestrutura de escoamento de grãos pelo Arco Norte do Brasil, a empresa fechou parceria com duas exportadoras de commodities agrícolas interessadas em contratar a operação 100% fluvial.

Hoje são três Estações de Transbordo de Cargas (ETC) flutuantes operadas pela empresa no Arco Norte de um total de quatro em operação na região. Em 2023, a Mega movimentou 3 milhões de toneladas de granéis vegetais sólidos, e agora a previsão é alcançar 5 milhões de toneladas este ano.

De acordo com Carvalho, a estação flutuante permite uma flexibilidade logística, já que basta colocar mais um guindaste para dobrar a capacidade de operação ou colocar mais uma boia e dobrar o tamanho para receber dois navios. Além disso, o custo da estrutura também é menor: 10% do necessário para instalar uma estação em terra, que pode chegar a R$ 1 bilhão. “E eu não tinha R$ 1 bilhão para investir no negócio naquela época”.

Na avaliação do presidente da Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (Amport), Flávio Acatauassú, o novo modelo tem sido fundamental para garantir a expansão da capacidade de escoamento de grãos pelos portos amazônicos com a rapidez que o mercado tem exigido. Só em 2023, esses portos movimentaram 51 milhões de toneladas de grãos, 22% mais que no ano anterior, segundo a Amport.

O gráfico abaixo mostra a distribuição mensal das exportações de grãos (hs 10, 12) registradas em alguns dos principais portos do Arco Norte do Brasil, nominalmente, Itacoatiara, Itaqui, Manaus e Santarém, entre janeiro de 2020 e novembro de 2023. Os dados são do DataLiner.

Exportações de grãos pelo Arco Norte | Jan 2020 – Nov 2023 | WTMT

Source: DataLiner (click here to request a demo)

Em vez de você pedir licença [ambiental] para fazer uma instalação em terra que impacta o trânsito urbano, faz supressão vegetal e interfere na comunidade local, você vai para dentro da água e faz instalações desse tipo”, observa Acatauassú.

A previsão da Amport é que a capacidade de escoamento portuário local total alcance 100 milhões de toneladas nos próximos cinco anos, quase o dobro das 52 milhões de toneladas atuais.

O principal desafio para isso, contudo, está no aspecto regulatório. Para contornar o problema, a Mega optou por realizar a operação dentro da área do porto organizado, onde já estão situados parte dos órgãos fiscalizatórios. “Ainda não está 100%. A Antaq ainda não conseguiu ter uma regularização total do negócio e está vendo de que maneira isso vai acontecer”, afirma Eduardo Carvalho.

De acordo com o diretor da agência reguladora, Eduardo Nery Filho, já existe regulação para os casos em que as ETC flutuantes estejam instaladas em áreas portuárias públicas. “Agora, dentro dos terminais privados é uma questão que agência vai precisar se debruçar, precisaria de uma autorização nossa e é uma questão que estamos nos debruçando”, reconhece.

O órgão abriu uma consulta pública para revisão da sua Resolução Normativa (RN) nº 13, editada em 2016 e que trata sobre o registro de instalações de apoio ao transporte aquaviário. Segundo Nery, esse poderia ser um dos caminhos para normatizar as ETC em áreas privadas, mas com limites à capacidade operacional. “A depender do volume que aquele flutuante vá movimentar, ele pode caracterizar quase um terminal de uso privado e aí teria que ter outro endereçamento”, completa o diretor da Antaq.

Fonte: Globo Rural

Clique aqui para ler o texto original: https://globorural.globo.com/especiais/caminhos-da-safra/noticia/2024/01/estacoes-de-transbordo-flutuantes-ampliam-capacidade-de-escoar-graos-no-arco-norte.ghtml

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