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China domina exportação de 19 Estados e concentração preocupa

fev, 07, 2023 Postado porSylvia Schandert

Semana202306

Nos últimos dez anos até 2021, as exportações brasileiras para a China cresceram mais do que vendas para o mundo, em valores. No período de 2012 a 2021, aumentou a importância da China como destino de exportações para todas as cinco regiões do país, e das 27 unidades federativas, 21 viram suas exportações para China crescerem acima da expansão de suas vendas para o mundo. No período, contudo, a pauta de exportação se concentrou em torno de poucos produtos primários.

As conclusões são do estudo “Exportações dos Estados Brasileiros para a China: Cenário Atual e Perspectivas para Diversificação”, do Centro Empresarial Brasil China (CEBC), que mostra que para 22 unidades federativas, a participação da China como destino de exportações se ampliou no período analisado. Para 19 deles, o país asiático era o principal destino das vendas para o exterior em 2021.

Dentre os Estados que exportaram acima da média nacional entre 2012 e 2021 estão: Rondônia (39,6%), Piauí (30,1%), Tocantins (26,2%), Amazonas (21,3%) e Acre (19,8%).

“Essa última década foi de um aumento extraordinário das exportações brasileiras para a China, que cresceram bem acima da média das exportações do Brasil para o mundo. Nossas vendas para a China cresceram entre 8% e 9% ao ano, enquanto as exportações para o mundo chegaram a 1,8%”, afirma Fabrizio Panzini, especialista em comércio internacional e autor do estudo, ao observar que a China cresceu de 17% para 31,3% na pauta de exportações do Brasil.

Essa alta, afirma, veio acompanhada de forte concentração de produtos, afirma. “Os produtos em que a pauta foi intensificada são: petróleo, minério de ferro e soja, que continuam dominando a pauta. Mas também houve mais exportação de carne bovina”, diz.

Confira a seguir um histórico das exportações brasileiras para a China:

Exportações Brasileiras para a China | Jan 2019 a Dez 2022 | WTMT

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

Na visão de Panzini, o desejável seria que o Brasil conseguisse desconcentrar a pauta de exportação para que fique menos dependente de preços no mercado internacional e estimule mais cadeias de produção dentro do país. “Quando se depende de menos produtos, acaba-se mais afetado por ciclos de preços internacionais e barreiras sanitárias. Quando se está mais desconcentrado, fica-se um pouco mais resiliente”, argumenta.

O estudo mostra que o nível de concentração das exportações para a China é superior ao dos outros principais parceiros do Brasil. Os dez principais produtos brasileiros vendidos à China representaram, em média, 90,6% de tudo o que o Brasil vendeu para o país entre 2012 e 2021.

Das cinco regiões do país, apenas a Sul conseguiu desconcentrar sua pauta de exportação. Dentre os Estados, apenas sete o fizeram – Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Amazonas e Mato Grosso.

Para Larissa Wachholz, sênior fellow do Núcleo Ásia do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), os números do relatório são boa notícia. “Mostram que, em um momento no qual o mundo inteiro passou por turbulência econômica muito grande, nossas exportações para a China nos ajudaram e muito a continuar funcionando bem”, afirma.

Ela argumenta que a inserção da carne bovina na pauta de exportação foi uma conquista importante. “Quando foi inserida a proteína animal, principalmente a bovina, tivemos grande ganho em termos de agregação valor e de geração de emprego e renda no Brasil, pois o setor é intensivo em mão de obra”, diz, ao observar que o movimento do Brasil como exportador de proteína animal tem relação com o crescimento da classe média chinesa de diversificar a dieta e consumir mais proteína animal.

“Nossas exportações para a China dizem muito sobre o desenvolvimento chinês ao longo das últimas quatro décadas. Representam a necessidade de um país com desenvolvimento econômico acelerado, grande consumidor de minério de ferro para siderurgia e construção civil, de petróleo para segurança energética e de alimento para segurança alimentar, diz.

O relatório do CEBC apresenta ainda lista de 216 produtos com potencial de ampliação das vendas nos próximos anos, com base no Mapa de Oportunidades da ApexBrasil, que listou 433 bens sobre os quais o Brasil pode iniciar ou ampliar exportações para a China.

“Há espaço para diversificação. E essas oportunidades são encontradas em todas as regiões”, afirma Panzini.

Enquanto no Sudeste seriam produtos mais relacionados ao setor industrial, como ferro fundido, semimanufaturados de ferro e aço, medicamentos, couros e pele, no Nordeste seriam produtos industriais como polietileno, derivados de ferro e aço, e derivados de cobre. No Sul seriam itens como carne de frango, produtos de madeira e óleo de soja. No Centro-Oeste, carnes e alguns próximos do perfil hoje exportado para a China, como minério de cobre. No Norte, produtos como ferroníquel e minério de manganês.

“Se aproveitarmos as oportunidades, até 2030 exportaremos 76,2% a mais para a China, segundo cálculos com base na média entre 2017 e 2020”, acrescenta. Esse crescimento significaria sair da média de US$ 58,9 bilhões exportados por ano para a China para US$ 103,4 bilhões.

No futuro próximo, alerta Larissa, o Brasil terá de ficar atento às mudanças no padrão de consumo do mercado chinês para expandir.

“Essa mesma classe média que diversificou sua dieta, passou a demandar mais da nossa soja e inseriu carne [na sua alimentação], segue um consumo com cada vez mais valor agregado. Temos de estar atentos a esse movimento, que pode ser benéfico para o Brasil”, argumenta.

“Hoje há uma China bastante exigente no que diz respeito a se alimentar, procurando fazer escolhas mais saudáveis. E com toda transição energética que o mundo vive, isso representa oportunidade para produtos de baixo carbono em diferentes cadeias. Por exemplo, nossa agricultura seria uma oportunidade enorme para inserirmos esses produtos na China. O mesmo vale para a mineração.”

Fonte: Valor Econômico

Para ler a reportagem original, acesse: https://valor.globo.com/brasil/noticia/2023/02/07/china-domina-exportacao-de-19-estados-e-concentracao-preocupa.ghtml

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