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Brasil vai se manter líder na exportação de milho ao menos até 2033, avaliam EUA

fev, 20, 2024 Postado porSylvia Schandert

Semana202408

O Brasil, que assumiu a liderança mundial nas exportações de milho na safra 2022/23, não deverá perdê-la mais, mesmo com as incertezas deste ano. Já o primeiro posto no ranking de algodão, esperado pelo setor brasileiro, não ocorrerá. Pelo menos até 2033.

As exportações brasileiras de soja avançam ano a ano e vão ser superiores a toda a produção americana no começo da próxima década.

É o que projeta o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) para o Brasil nos próximos dez anos, com base em estudo anual em que o órgão avalia o comportamento das exportações dos Estados Unidos e de outros produtores mundiais.

Os óleos vegetais, principalmente o de soja, entram com mais força na corrida para uma energia limpa e renovável, com aumento de produção de biodiesel e de diesel renovável.

O milho, já com grande participação nos combustíveis renováveis nos Estados Unidos, não terá grandes variações, mas aumenta no Brasil. No biodiesel, o Brasil precisará olhar para Japão e Índia, que estarão entre as principais demandas externas; no caso do etanol, os olhares devem ser para Indonésia, Malásia e Coreia do Sul.

O gráfico a seguir mostra o volume de exportação de milho do Brasil entre janeiro de 2022 e dezembro de 2023. Os dados usados abaixo foram provenientes do DataLiner.

Exportações Brasileiras de Milho | Jan 2022 – Dez 2023 | WTMT

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

As novas projeções dos americanos, e que indicam um forte avanço do Brasil no mercado externo, dependem de efeitos climáticos, muito frequentes atualmente, de conflitos geopolíticos, de renda de produtores, de custos, de juros e da evolução da economia mundial.

As projeções para a Ucrânia, por exemplo, estão bastante subavaliadas, uma vez que o futuro na região é incerto, devido à invasão do país pela Rússia. Os ucranianos têm um potencial anual de exportações de milho de 35 milhões de toneladas, mas o Usda o mantém em 19,5 milhões durante a próxima década.

Boa parte do aumento de produtos que serão colocados no mercado externo nos próximos dez anos sairá do Brasil, segundo os americanos. Se confirmadas as expectativas do Usda, o Brasil fornecerá 72% da soja a ser acrescentada no mercado mundial nos próximos anos, 46% do milho, 62% da carne bovina, 61% da de frango e 32% da suína.

Uma das grandes mudanças no cenário de proteínas será a participação da carne suína na balança comercial dos Estados Unidos. Após essa proteína ter superado a bovina nas exportações de 2004, agora é a vez de ficar à frente da de frango, o que ocorrerá em 2031.

Os dois grandes saltos do Brasil serão nas exportações de soja e de milho. As vendas externas da oleaginosa atingirão 133 milhões de toneladas na safra 2033/34, bem acima dos 58 milhões previstos para os americanos.

Os Estados Unidos, após a guerra comercial com a China no governo de Donald Trump, se voltam mais para o mercado interno, uma vez que perderam a preferência do grande importador.

Os americanos buscam agregar valor à soja, principalmente com a produção de diesel renovável. É um caminho que o Brasil também deveria trilhar.

Com esse olhar voltado mais para dentro, os Estados Unidos buscam um óleo de melhor qualidade na soja e uma diversificação de aplicabilidade para o produto. “Com a demanda interna maior, eles diminuem a atenção que davam para a China”, diz Daniele.

A China, na verdade, é um fator de preocupação, uma vez que o país busca uma dependência menor da soja. A população não cresce no mesmo ritmo anterior, o consumo de carne suína recua e a demanda por carne de frango não atrai muito o consumidor, o que afeta a procura por farelo de soja.

O que mais atrai os consumidores agora, principalmente após uma elevação da renda de boa parte da população chinesa, é a carne bovina.

Pelos cálculos do Usda, os chineses vão importar 138 milhões de toneladas de soja em 2033/34, ou 38% a mais do que o volume atual. As importações de milho serão de 26 milhões, e as de carne bovina, de 3,9 milhões.

Os americanos mantêm a aposta de que o Brasil passa a ter a liderança mundial nas exportações de milho, somando 77,5 milhões de toneladas em dez anos.

A liderança brasileira neste ano é discutível, mas é preciso considerar dois fatores nessa avaliação do Usda.

Primeiro, o órgão ainda estima uma produção nacional de 124 milhões de toneladas para 2023/24. O número da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), após os efeitos climáticos, é de 114 milhões.

Segundo, o Usda considera um calendário comercial diferente, que vai de outubro a setembro. Nesse cálculo, o Brasil já teria exportado 27 milhões de toneladas até janeiro na safra 2023/24, que vai terminar em setembro.

Fonte: Folha de S. Paulo

Clique aqui para ler o texto original: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/vaivem/2024/02/brasil-vai-se-manter-lider-na-exportacao-de-milho-ao-menos-ate-2033-avaliam-eua.shtml

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