BBC revela como cocaína da América Latina entra em porto na Holanda

nov, 30, 2021 Postado porSylvia Schandert

Semana202146

Os milhares de quilos de cocaína apreendidos na cidade de portuária de Roterdã, Holanda, aumentam a cada ano. Junto com isso, cresce também o número de jovens contratados por grupos criminosos para receber e encaminhar a droga escondida em cargas que chegam da América Latina.

A BBC conseguiu um raro acesso ao nicho dos “coletores de cocaína” no país, um elo vital no tráfico de drogas para a Europa.

Na tela com imagens do circuito interno de TV, vê-se uma dúzia de pessoas no escuro, correndo uniformemente em direção a um contêiner no porto de Roterdã.

A carga de frutas tropicais vindas da Colômbia pode já ter sido descarregada, mas essa caixa de metal de 12m de comprimento ainda tem itens a bordo. São 80kg de cocaína escondidos dentro da unidade de refrigeração e que, nas ruas, valerão cerca de 4 milhões de euros (R$ 25 milhões).

O trabalho dos coletores é encaminhar a mercadoria a Amsterdã, Berlim e Londres, capitais respectivamente da Holanda, Alemanha e Inglaterra.

Os coletores ganham cerca de 2 mil euros (R$ 12 mil) por cada quilo de cocaína que carregam. E este é um negócio que explodiu nos últimos anos, segundo Andre Kramer, dono de uma empresa de gestão de contêineres no porto.

“Nós os notamos pela primeira vez há cerca de dois anos”, lembra Kramer.

“Havia um ou talvez dois deles, e era algo que aparecia uma ou duas vezes por ano. Mas nos últimos seis meses, os grupos de coletores ficaram maiores, com 10 a 12 pessoas, e acontece três ou quatro vezes por semana.”

À medida que o volume de cocaína importada através da Holanda aumenta exponencialmente, os métodos usados pelos coletores também se tornam mais sofisticados.

Às vezes, eles não precisam levar com as próprias mãos a cocaína para fora do porto. Em vez disso, eles transferem para outro contêiner a mercadoria ilegal, com a ajuda de algum funcionário cooptado, até que as drogas sejam levadas para fora em um caminhão. Nesse tempo, os coletores vivem dentro dos contêineres, que se tornam uma espécie de quarto de hotel para eles.

“Recentemente, encontramos três ‘contêineres-hotéis'”, diz Kramer. “Os coletores podem ficar neles por dias, onde comem, bebem e fazem suas necessidades. Já encontramos colchões, garrafas vazias, embalagens de comida…”.

Mas, com o passar do tempo, esperar nestes “hotéis” até que a situação esteja favorável para o desembarque das drogas pode se tornar extremamente perigoso.

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