Argentina mantém interesse em acordo com UE

O novo governo da Argentina quer chegar a um acordo comercial entre a União Europeia (UE) e as economias da América Latina, disse a futura ministra das Relações Exteriores do país, Diana Mondino. Suas declarações foram feitas no momento em que um acordo sob o atual governo parece cada vez mais improvável.

Os países-membros do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) vão se reunir nesta quinta no Rio de Janeiro, e o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, disse no fim do mês passado esperar que um acordo possa ser alcançado a tempo para a reunião.

Mas autoridades e diplomatas do Brasil, que entregarão a presidência rotativa do bloco comercial ao Paraguai neste mês, disseram no sábado que o acordo comercial está agora adiado porque o novo governo da Argentina precisa aprovar questões pendentes.

“O mundo não acaba em 7 de dezembro. Se um acordo não for firmado até lá, continuaremos negociando”, disse Mondino. “E espero que algum dia, de alguma forma, isso seja feito.”

O acordo comercial provisório foi acertado em 2019 após duas décadas de negociações, mas compromissos ambientais adicionais exigidos pela União Europeia levaram o Brasil e a Argentina a buscar novas concessões que prolongaram as negociações.

Mondino acrescentou que, como o presidente eleito, Javier Milei, tomará posse no dia 10, o novo governo tem apenas “informações escassas” sobre a situação atual das negociações.

“Espero que possamos trazer uma perspectiva diferente e chegar a um acordo”, acrescentou Mondino. Os negociadores argentinos, que deveriam viajar a Brasília para um esforço final para fechar um acordo, cancelaram sua viagem, segundo uma autoridade comercial do governo brasileiro. Uma fonte argentina a par das negociações disse que a equipe de negociação do governo que está saindo “virou o tabuleiro” antes da transferência do poder para Milei.

Mondino disse não ser uma prioridade aderir aos Brics, o grupo das nações em desenvolvimento, depois que a segunda maior economia da América do Sul ficou entre os seis países convidados a ingressar no grupo em uma reunião de cúpula na África do Sul em agosto. Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Irã são algumas das outras nações convidadas.

“O convite foi feito; não há prazo. Não temos que fazer nada, nem recusar, nem aceitar no momento”, disse Mondino. “É claro que, se estivermos errados, vamos rever nossa decisão. Mas até agora não vemos muitos benefícios em aderir aos Brics.”

No entanto, Mondino acrescentou que o governo Milei “definitivamente” trabalhará para que o país seja membro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “Será um procedimento extremamente demorado e difícil. Mas temos que cumprir as regras dos países que são muito mais desenvolvidos do que nós”, disse Mondino. “Também temos uma carta-convite deles. E esperamos poder assinar essa carta-convite”, acrescentou ela.

Argentina, Peru, Romênia, Bulgária e Croácia foram convidados a iniciar o processo de adesão à OCDE em janeiro de 2022. O Brasil apresentou um memorando inicial de adesão há mais de um ano, um passo que a Argentina não deu até agora.

Fonte: Valor Econômico

Clique aqui para ler o texto original: https://valor.globo.com/mundo/noticia/2023/12/05/argentina-mantem-interesse-em-acordo-com-ue.ghtml

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