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Ponte da Integração pode gerar acordo inédito entre Brasil e Paraguai

ago, 28, 2019 Postado porSylvia Schandert

Semana201936

Um acordo comercial inédito entre Brasil e Paraguai poderá ser criado para evitar sobretaxações de impostos do material que será utilizado na construção da Ponte da Integração, nos dois lados da obra. As tratativas sobre o tema foram levantadas em uma reunião na Diretoria de Coordenação da Itaipu, que debateu, entre outros assuntos, as soluções para garantir que insumos, como cimento e aço, que já pagaram tributos no Brasil não sejam novamente taxados ao entrarem no Paraguai.

Financiada pela margem brasileira da Itaipu Binacional, a segunda ponte sobre o Rio Paraná vai ligar Foz do Iguaçu (BR) a Presidente Franco (PY). O acordo comercial, cuja proposta será levada à diplomacia dos dois países por representantes da Itaipu, poderá ser aplicado também na outra ponte entre Brasil e Paraguai – que ligará Porto Murtinho (BR) a Carmelo Peralta (PY), fazendo parte do Corredor Rodoviário Bioceânico (Brasil, Paraguai, Argentina e Chile), e que será financiada pela margem paraguaia da Itaipu.

Um acordo binacional como este já possui precedente: os anos 90, por ocasião da construção da também chamada Ponte Internacional da Integração, sobre o Rio Uruguai, ligando o município gaúcho de São Borja (Brasil) a Santo Tomé (Argentina). Na época, por meio de troca de notas assinadas pelos governos brasileiro e argentino, foi criado um acordo que isentou os materiais de toda tarifa de importação ou qualquer imposto.

Este acordo é importante porque os insumos que serão incorporados à ponte, na margem paraguaia, são taxados com o Imposto Sobre Valor Agregado (IVA), relativo à importação daquele produto no Paraguai. Em relação ao maquinário não há problema, visto que ele é submetido ao regime de exportação temporária, que suspende o pagamento de impostos, desde que estas máquinas, como caminhões e tratores, retornem ao País de origem em prazo determinado.

“As duas pontes são estratégicas para os dois países, por isso, é do interesse de Brasil e Paraguai que sejam resolvidas estas questões”, comentou o diretor-geral brasileiro de Itaipu, general Joaquim Silva e Luna. “Com a Ponte da Integração concluída, vai começar uma nova era para os países, que poderão ampliar seu comércio e abrir os mercados de importação e exportação para os demais países da região”, concluiu.

Facilitação logística

A sugestão de um acordo comercial binacional para livrar da sobretaxa o material de construção é mais um esforço para facilitar a viabilidade da obra, que se soma à instrução normativa que está em desenvolvimento pela Receita Federal do Brasil. A intenção do documento é liberar mais rapidamente o trânsito de máquinas e material envolvidos na obra por meio de uma guia simplificada. A instrução será promulgada pela Coordenação de Aduanas de Brasília, em até 20 dias.

“Nosso objetivo é que a construção da ponte não prejudique o trabalho do porto seco em Foz do Iguaçu e que o serviço no porto não atrapalhe a obra”, explica o delegado da Alfândega da Receita Federal em Foz do Iguaçu, Paulo Bini. Diariamente, mais de 700 caminhões passam pelo porto seco, considerado o maior da América Latina.

Além de agilizar os trâmites no porto seco, a instrução normativa vai permitir a saída do País por um porto auxiliar, dentro da obra, pelo qual o consórcio fará a movimentação de equipamentos, maquinário e pessoal. Na margem paraguaia, há a previsão de se utilizar o porto de Presidente Franco, que já conta com estrutura alfandegária.

Andamento das obras

Pelos próximos três meses, na margem paraguaia, o consórcio Construbase-Cidade-Paulitec vai concentrar o trabalho em fazer a terraplanagem, levantar o canteiro de obras e colocar as ensecadeiras para permitir, a partir do quarto mês, a criação da fundação – o bloco principal que vai segurar os mastros de 120 metros responsáveis pela sustentação da ponte.

O prazo de entrega da Ponte da Integração é de 36 meses. O investimento de R$ 463 milhões é feito totalmente pela margem brasileira da Itaipu. Deste valor, R$ 323 milhões serão usados na construção da ponte e R$ 140 milhões nas obras da Perimetral Leste, entre a ponte e a BR-277.

Com 760 metros de comprimento e vão-livre de 470 metros, o maior de uma ponte estaiada no Brasil, a obra terá duas torres de 120m de altura. A pista será simples, com 3,7m de largura, acostamento de 3m e calçada de 1,7m.

Perimetral Leste

A Perimetral Leste vai conectar a Ponte da Integração com a BR 277, em Foz do Iguaçu, desviando do centro da cidade o tráfego pesado de caminhões. Esta obra está a cargo da Construtora JL, de Cascavel. A exemplo da ponte, o prazo de execução também será de 36 meses, contando a partir da assinatura da ordem de serviço. A expectativa da construtora é que essa assinatura aconteça até a próxima semana.

Neste contrato também está prevista a construção da aduana na margem brasileira, com os postos da Receita e Polícia Federal.

 

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