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Mudanças profundas no mercado de carne bovina da China são esperadas para 2023, relatório do USDA

set, 21, 2022 Postado porSylvia Schandert

Semana202238

Dificuldades econômicas, combinadas com a determinação do governo de manter sua política de tolerância zero para o Covid-19, provavelmente reduzirão as importações chinesas de carne bovina em 19,4% em 2023, de acordo com o último relatório do USDA.

O Departamento de Agricultura dos EUA estima que o consumo doméstico de carne bovina na China deve cair 3% no próximo ano para 9,9 milhões de toneladas, abaixando os níveis de importação para 2,5 milhões de toneladas, abaixo dos 3,1 milhões de toneladas deste ano.

O relatório avalia que “a carne bovina é considerada um produto de luxo pelos consumidores e, assim, espera-se que a demanda seja mais impactada pelas perspectivas econômicas do que pelo preço em si”. Com isso, o consumo de carne bovina no mercado interno deve continuar aquecido, sustentado pelo aumento de 4% na produção local, estimada em 7,4 milhões de toneladas. No entanto, o consumo em hotéis e restaurantes, principal destino dos cortes nobres, deve ser impactado pelas restrições da Covid-19 no país.

Considerando o perfil das exportações brasileiras de carne bovina para a China, concentradas em quartos dianteiros utilizados justamente no preparo de industrializados e outros pratos populares, o mercado avalia que a queda nas importações chinesas não afetará os embarques brasileiros, que atualmente estão em níveis recordes.

No entanto, o caso não é o mesmo para os fornecedores de cortes nobres de carne bovina do Mercosul, principalmente porque são voltados para hotéis e restaurantes.

De acordo com o último balanço de mercado divulgado pela Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), as exportações de carne bovina do Brasil para a China de janeiro a agosto atingiram 786.872 toneladas, resultado 31% superior ao observado no mesmo período do ano passado, com receita de 69,7 % superior, em US$ 5,32 bilhões. Os números representam 51,8% do total das exportações brasileiras de carne bovina e 60,3% da receita gerada neste período.

“O Brasil está em uma posição um tanto confortável em relação aos seus concorrentes. Os Estados Unidos, por exemplo, estão em processo de redução do tamanho de seu rebanho; a Austrália está em processo de recomposição de sua indústria de carne bovina; a União Europeia está se contraindo, enquanto Argentina e Uruguai carecem da capacidade produtiva que o Brasil tem. Assim, mesmo que a China corte as compras de carne bovina, o Brasil continua sendo sua melhor opção para importar essa proteína. Vimos uma redução nas importações chinesas de outros países este ano, mas as importações do Brasil continuaram subindo”, argumenta Fernando Iglesias, analista do Safras & Mercado.

Veja abaixo o histórico do volume exportado de carne bovina (HS 0201, 0202) do Brasil para a China entre janeiro de 2019 e julho de 2022. Os dados são do DataLiner.

Exportações de carne bovina para a China | jan 2019 – jul 2022 | WTMT

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

As perspectivas para empresas brasileiras de carne bovina como JBS, Marfrig e Minerva, por outro lado, são menos promissoras. Com o consumo per capita do Brasil no menor nível em mais de duas décadas, refletindo a perda de poder aquisitivo da população, essas corporações só conseguiram bons resultados devido às suas atividades na América do Norte e em outros países sul-americanos. De acordo com o USDA, esses são os locais que o declínio projetado nas importações chinesas terá mais impacto.

“Embora as compras reduzidas da China afetem as operações desses grandes frigoríficos nesses mercados, também devemos perceber que esses mercados têm um forte mercado doméstico para recorrer.” “Os Estados Unidos são uma máquina de comer carne”, observa Iglesias.

Nesse contexto, os custos de importação aumentaram devido às medidas de fiscalização e detecção de Covid-19 em cargas refrigeradas nos portos chineses, bem como a suspensão das licenças de exportação de unidades frigoríficas em vários países (incluindo o Brasil) e o aumento da oferta local no primeiro semestre deste ano.

Segundo estimativas do USDA, há indícios de que alguns importadores poderão vender parte do volume adquirido em 2022, ainda que por valores abaixo do custo de aquisição, para evitar gastos com armazenagem e refrigeração após alta de 37% nos preços de importação no primeiro semestre deste ano.

Fonte: Mercopress

Para ler o artigo original completo, acesse: https://en.mercopress.com/2022/09/13/deep-changes-in-china-s-beef-market-expected-for-2023-usda-report

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