
Governo sobe o tom e critica taxação dos Estados Unidos ao aço
mar, 13, 2025 Postado porSylvia SchandertSemana202511
O governo Luiz Inácio Lula da Silva reagiu, ontem, à decisão do presidente americano, Donald Trump, de aplicar tarifas de importação de 25% sobre todas as exportações de aço e alumínio para os Estados Unidos. Em comunicado assinado conjuntamente por Itamaraty e Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), a gestão petista classificou tais medidas como “injustificáveis” e “equivocadas”.
Além disso, o Executivo afirmou que buscará, em coordenação com o setor privado do país, defender os interesses dos produtores nacionais, inclusive junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), instância que perdeu força nos últimos anos, mas costuma ser acionada em contendas internacionais.
O comunicado foi divulgado após o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, se reunir com Lula, no início da tarde de quarta-feira, justamente para discutir uma resposta ao governo dos EUA.
“Em defesa das empresas e dos trabalhadores brasileiros e em linha com seu tradicional apoio ao sistema multilateral de comércio, o governo brasileiro considera injustificável e equivocada a imposição de barreiras unilaterais que afetam o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos, principalmente pelo histórico de cooperação e integração econômica entre os dois países”, explica o texto.
A nota brasileira admite, inclusive, que a taxação do aço terá “impacto significativo sobre as exportações brasileiras de aço e alumínio”. Somente em 2024, por exemplo,as exportações de aço e alumínio alcançaram o patamar de US$ 3,2 bilhões, diz o texto. Neste mesmo sentido, o governo argumenta que as medidas de Trump contrariam o “histórico de cooperação e integração econômica entre os dois países”.
“No caso do aço, as indústrias do Brasil e dos Estados Unidos mantêm, há décadas, relação de complementaridade mutuamente benéfica”, pondera o texto.
O gráfico abaixo mostra os principais destinos das exportações de produtos siderúrgicos do Brasil em 2024, segundo dados da Datamar.
Destinos de Produtos Siderúrgicos | 2024 | TEUs
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
O governo prometeu “defender” os interesses dos produtores nacionais junto à OMC. “À luz do impacto efetivo das medidas sobre as exportações brasileiras, o governo do Brasil buscará, em coordenação com o setor privado, defender os interesses dos produtores nacionais junto ao governo dos Estados Unidos”, acrescenta o comunicado. A gestão Trump tem sinalizado interesse de esvaziar a Organização Mundial do Comércio.
O assunto deve ser retomado na sexta-feira, quando Alckmin liderará uma nova reunião com representantes do governo norte-americano. O próprio vice-presidente admite, no entanto, que levar o caso à OMC é uma carta na mesa.
“Esta é uma possibilidade. Nós defendemos multilateralismo, nós defendemos complementação econômica, e a OMC existe para isso, para estabelecer regras que devem ser regras gerais para todos”, explicou o vice.
Governo reafirma intenção de abrir negociações com a administração Donald Trump
Apesar disso, Alckmin enfatizou que a primeira opção do Brasil será “sempre o diálogo”. “No diálogo, nós devemos, nas próximas semanas, dias, aprofundar esse trabalho com os Estados Unidos e lamentar profundamente. Isso encarece produtos, dificulta o comércio, medida tomada de natureza unilateral, e o Brasil avaliará também outras medidas a serem tomadas.”
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, também demonstra preocupação com esse cenário. Ele contou que Lula ainda acredita que é possível chegar a um entendimento com os Estados Unidos. Por causa disso, de acordo com Costa, a tendência é que o governo petista aguarde o resultado da próxima reunião, antes de tomar qualquer “decisão” ou “medida”.
“O presidente Lula resolveu só tomar alguma posição ou medida após essa reunião [de sexta-feira], acreditando que pode chegar a um entendimento”, contou o titular da Casa Civil. Questionado sobre declarações recentes do presidente, quando Lula afirmou que iria aplicar a “reciprocidade” caso o Brasil fosse taxado pelos Estados, Rui Costa amenizou.
“Esse é um padrão da diplomacia internacional. A palavra ‘reciprocidade’ é usada, muitas vezes, nas relações diplomáticas e econômicas. É assim que os países se comportam, de forma recíproca. Esse é o padrão. No caso concreto, a decisão só será tomada após essa reunião de sexta”, emendou.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sinalizou caminho parecido e defendeu que a estratégia do Brasil será negociar com o governo americano para tentar reverter a situação. Haddad participou, ontem pela manhã, de reunião com representantes do setor siderúrgico nacional.
Na reunião, de acordo com ele, o setor siderúrgico nacional “trouxe argumentos muito consistentes” de que as tarifas “não são boas nem para os Estados Unidos”. A partir disso, o Ministério da Fazenda enviará para o Mdic uma nota técnica a respeito do assunto, como forma de embasar a pasta nas negociações. “Certamente eles [Estados Unidos] não vão ficar parados em relação a isso [possibilidade de recessão]”, afirmou Haddad.
Fonte: Valor Econômico
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