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Fiat utiliza cabotagem para abastecer fábrica no PE

mar, 11, 2020 Postado porSylvia Schandert

Semana202012

Desde a greve dos caminhoneiros em 2018, o grupo Fiat Chrysler resolveu testar o transporte de aço por navios para abastecer sua fábrica localizada em Pernambuco. A experiência foi bem sucedida e, desde então, a empresa passou a usar a cabotagem para levar outros tipos de peças até a linha de produção dessa fábrica.

De acordo com o diretor de pós vendas e serviços da Fiat Chrysler, Luis Santamaria, que na época atuava como diretor de logística e compras da companhia, o fato de o aço fornecido pela ArcelorMittal ser laminado em região portuária de Santa Catarina chamou a atenção de sua equipe. A fábrica da Fiat Chrysler, em Goiana, está a pouco mais de 60 quilômetros do porto de Recife e a 120 quilômetros de Suape. “Um país com uma costa extensa como a nossa precisa explorar o potencial da cabotagem”, afirma o executivo, responsável pelo projeto de cabotagem.

Até então, as bobinas de aço percorriam mais de 3,2 mil quilômetros entre São Francisco do Sul, onde fica a laminadora da ArcelorMittal, até Goiana. Segundo a siderúrgica, para atender à necessidade de 5 mil toneladas mensais da fábrica de veículos eram necessários 122 caminhões.

De acordo com o executivo, a cabotagem toma mais tempo que o transporte rodoviário – 11 dias entre carga, descarga e percurso contra 07 dias do transporte ferroviário. Mas a vantagem, pelo mar, é que um navio pode transportar a carga total do mês, enquanto que nos caminhões o volume é fracionado. Além disso, a estabilidade do transporte marítimo oferece menos riscos de avarias. Freadas bruscas e buracos nas estradas acabam por danificar as bobinas.

Segundo Santamaria, os custos do transporte são equivalentes nas duas modalidades. “Mas se levarmos em conta os prejuízos com bobinas amassadas nas pontas, que às vezes não têm conserto, roubos de carga, acidentes, aumento do frete e eventuais greves de caminhoneiros, a cabotagem oferece larga vantagem”, afirma o executivo.

A partir da experiência com a ArcelorMittal, consolidada desde o segundo semestre de 2019, a Fiat Chrysler começou a testar a cabotagem com outros fornecedores. Parte do aço que compra da Usiminas já segue para o porto do Rio e de lá para Pernambuco. O ganho, nesse caso, é menor por envolver maior distância em estradas. Mas Santamaria considera a cabotagem vantajosa mesmo assim por representar uma alternativa.

Também pelo porto do Rio começaram a ser transportadas peças, armazenadas em contêineres. “Estamos em contato com vários fornecedores para expandir esse modal e estabelecer uma rotina”, afirma Santamaria.

O transporte por navios não substituirá totalmente o rodoviário. Mas será uma complementação. Segundo o executivo, o plano é fazer com que em dois anos a participação da cabotagem no sistema de entrega de insumos e peças para a fábrica de Goiana fique entre 20% e 25%.

Fonte: Valor Econômico

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