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Grãos

Europa diz que medida brasileira para acabar com moratória da soja ameaça mercado de US $ 5 bilhões

nov, 26, 2019 Postado porSylvia Schandert

Semana201949

Os agricultores brasileiros correm o risco de perder parte do mercado europeu de produtos de soja, estimado em US $ 5 bilhões por ano, se acabarem com a chamada “moratória da soja”, que impede os comerciantes de grãos de comprar oleaginosas de áreas desmatadas na Amazônia.

“Esse movimento de agricultores pode ser encarado como um desafio”, disse à Reuters Nathalie Lecocq, diretora geral da FEDIOL, grupo que representa o setor de óleo e farelo de vegetais da União Europeia.

A Aprosoja, o principal grupo que representa os produtores brasileiros de soja, quer acabar com a moratória, que se aplica a terras na Amazônia que foram desmatadas após 2008.

Já a Abiove, associação que representa os comerciantes e trituradores de soja, quer manter a moratória. Ela diz que a Europa comprou cerca de US $ 5 bilhões em soja e farelo de soja do Brasil em 2018.

“Esse mercado pode ser colocado em risco se a Moratória da Soja Amazônica for questionada ou suspensa”, disse Lecocq.”O mercado europeu, impulsionado pelas preocupações dos consumidores em relação às mudanças climáticas, está exigindo cada vez mais produtos livres de desmatamento incorporado”, disse ela.

A Aprosoja decidiu se opor à moratória, porque afirma que os proprietários de terras na região amazônica têm direito, pelo Código Florestal do Brasil, a limpar até 20% da terra para atividades agrícolas.

A iniciativa dos agricultores de acabar com a política encontrou apoio no governo brasileiro. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, descreveu a moratória como “absurda”.

Bartolomeu Braz Pereira, diretor da Aprosoja, disse que a moratória não está de acordo com a legislação nacional que permite algumas atividades agrícolas na Amazônia. Ele disse que os agricultores buscarão uma decisão favorável do CADE, agência brasileira que supervisiona a concorrência no mercado. Perguntado se os agricultores temem uma reação dos compradores europeus, ele disse: “De onde eles vão comprar soja, se não do Brasil? Marte? Da lua?”.

Já André Nassar, diretor da Abiove, tem uma opinião diferente. Ele vê o risco de o Brasil perder participação de mercado e cita as crescentes importações da Europa dos Estados Unidos e Argentina em 2018, quando o Brasil estava vendendo quase toda sua soja para a China.

Lecocq disse que dados recentes que mostram um aumento no desmatamento apenas impulsionarão ainda mais os consumidores da UE na rejeição de produtos.”É provável que incentive os formuladores de políticas a tomar medidas para impedir que bens associados ao desmatamento entrem no mercado da UE”, disse ele.

Fonte: Reuters

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