Navegação

Autoridades sabiam do risco de acidente com navio que atingiu a ponte Rio-Niterói

nov, 16, 2022 Postado porSylvia Schandert

Semana202246

O acidente com o navio que atingiu a ponte Rio-Niterói, na segunda-feira (14) à noite, revelou mais uma vez o perigo provocado por embarcações abandonadas na Baía de Guanabara.

Engenheiros fizeram uma vistoria nesta terça-feira (15) no local em que o navio bateu na ponte Rio-Niterói. Não houve danos à estrutura. Apenas o guarda-corpo precisou passar por reparos.

Na segunda à noite, a ponte ficou fechada por mais de três horas. Um motorista registrou o momento em que o navio atingiu a ponte, pouco depois das 18h. O navio à deriva foi empurrado por fortes ventos e permaneceu encostado na ponte até ser rebocado.

O acidente chamou a atenção para o longo tempo em que o navio São Luiz ficou abandonado na Baía de Guanabara. As autoridades sabiam há seis anos que a embarcação apresentava riscos de acidente. A Justiça chegou a determinar que o navio fosse retirado dali, mas nada foi feito.

Em 2016, a Justiça já alertava para o risco de dano. Na segunda-feira, em nota oficial, a Marinha afirmou que a destinação da embarcação era objeto de processo judicial e que o navio não oferecia riscos à navegação. Mas, em outro processo na Justiça Federal, a Companhia Docas do Rio de Janeiro informou que, em 2019, a embarcação encontrava-se em adiantado estágio de deterioração, que a corrente de âncora encontrava-se danificada, podendo deixar a embarcação à deriva.

No fim do ano passado, a Justiça determinou que a navegação Mansur retirasse o navio para um local seguro fora do porto. Na ação, um ofício da Capitania dos Portos mostra que o navio apresentava risco à segurança da navegação, à poluição do mar e as instalações na Baía de Guanabara, inclusive a ponte Rio-Niterói.

Sérgio Ricardo Lima, cofundador do movimento Baía Viva, diz que várias autoridades são responsáveis pelo abandono do navio.

“Pela lei, a responsabilidade, é compartilhada pelo menos entre três órgãos: a Capitania dos Portos, da Marinha do Brasil, o Ibama, que é o órgão ambiental federal, e o Instituto Estadual do Ambiente. A meu ver, está havendo uma omissão generalizada”, afirma.

O cargueiro não é o único navio abandonado na Baía de Guanabara.

Um cartão-postal do Rio de Janeiro cheio de embarcações abandonadas. Em um trecho da Baía de Guanabara, barcos inteiros estão largados.

Um tem a porta aberta, sem ninguém dentro. As janelas do que foi um dia um navio são difíceis de visualizar. Estão cobertas por ferrugem. No cemitério naval, algumas embarcações já estão afundando. De outras restou só o esqueleto. Uma dessas embarcações abandonadas na baía foi a que provocou o acidente de segunda-feira.

O navio São Luiz estava abandonado na Baía de Guanabara desde 2016. Depois que ficou à deriva, ele se chocou contra a ponte Rio-Niterói entre os pilares 71 e 73. Do mar, era possível ver o guarda-corpo que foi atingido e que ficou com marcas vermelhas, uma das cores da embarcação.

Nesta terça, o navio foi levado para o cais do porto do Rio. O estado de oxidação está avançado. Na popa, é possível ver o trecho que bateu na estrutura da ponte. O tamanho do São Luiz impressiona. São 200 metros de extensão com capacidade para transportar 42 mil toneladas de grãos.

Autoridades não se entendem sobre quem deve tirar os barcos abandonados. A Secretaria municipal do Ambiente do Rio disse que está cobrando e notificando os responsáveis pelo abandono de embarcações na Baía de Guanabara, para que não aconteçam mais incidentes como o do cargueiro.

O Instituto Estadual do Ambiente afirmou que o controle das embarcações ancoradas na Baía de Guanabara e abandonadas é atribuição da Marinha.

Embarcações abandonadas representam risco de acidentes e de aumento da poluição.

“Nós precisamos ter um plano emergencial de descomissionamento, de retirada dessas embarcações. São embarcações extremamente precárias, inseguras. Provavelmente dentro delas há inclusive óleo. Isso pode provocar desastre na Baía de Guanabara”, diz Sérgio Ricardo Lima.

Fonte: Jornal Nacional

Para ler o artigo original completo, acesse: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2022/11/15/autoridades-sabiam-do-risco-de-acidente-com-navio-que-atingiu-a-ponte-rio-niteroi.ghtml

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